"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, tranformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos"

António Lobo Antunes

15/12/2010

Estigma da Doença Mental

http://www.escola.joseprudencio.com/1-alunos-turma-12-4-13-leonor-marques.html


Em resposta à questão “Os doentes com quem já lidou sofrem discriminação, no seu ambiente de trabalho?”, a psiquiatra Maria João Avelino diz “Infelizmente, sim. Basicamente é aquilo que nós designamos por estigma da doença mental. E não são só os doentes, por vezes até os psiquiatras são estigmatizados! “Tu trabalhas com maluquinhos?! Afasta-te de mim que não quero nada contigo!” (risos)”. Maria João afirma que “Esta exclusão acontece porque só recentemente se sabe mais sobre as doenças psiquiátricas, e que realmente têm base cerebral bem como base genética. Antigamente as pessoas pensavam que estas doenças tinham outras causas como “É bruxedo!”, ou então “É porque se portou mal quando era criança e agora está a pagar por aquilo que fez!”. As pessoas não sabiam o que era. E isso é tão verdade que há situações em que o doente pede “Senhora doutora, não passe a baixa com o papelinho que diz hospital Júlio de Matos” porque já sabe que vai ser discriminado por ter problemas mentais. Uma doença mental é comparável com diabetes. Faz sentido discriminar uma pessoa com diabetes? É óbvio que não. O problema é que a doença psiquiátrica não é “palpável”, digamos assim. E também são encaradas de modo diferente porque a esquizofrenia se reflecte nas atitudes, no modo de estar do indivíduo e a diabetes não. No entanto são ambas doenças crónicas, nenhuma tem cura mas têm ambas tratamento. Felizmente hoje em dia já se sabe mais, as pessoas estão mais informadas, e também é muito importante que toda a gente saiba que toda a gente pode adoecer algum dia com uma doença psiquiátrica. No entanto ainda há bastante exclusão social, as pessoas ainda são olhadas de lado.”

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