"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, tranformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos"

António Lobo Antunes

25/11/2010

Estigma associado à Esquizofrenia


Porque é que a esquizofrenia está associada a um forte estigma social?

De entre as razões que podem levar à estigmatização da esquizofrenia, podem referir-se a ignorância sobre o que é a esquizofrenia e sobre os processos actuais de tratamento; os preconceitos e as ideias populares, sem fundamento científico, mas que estão enraizadas na nossa cultura e que levam as pessoas a ter medo de conviver com pessoas que sofrem de perturbação mental, por pensarem que essas pessoas podem ser conflituosas e perigosas, ou não saberem comportar-se em sociedade.

Quais são as consequências da estigmatização da esquizofrenia?
Em consequência da estigmatização, a sociedade reforça o seu ponto de vista de que a esquizofrenia não pode ser tratada, o que leva as pessoas a evitar dar emprego a pessoas que sofrem ou sofreram de esquizofrenia, mesmo que já se encontrem capazes de trabalhar. O convívio com tais pessoas é evitado e as pessoas mais próximas estão sempre prontas a interpretar em sentido negativo os comportamentos dos seus amigos ou familiares, criando um sentimento de insegurança e de falta de compreensão. A estigmatização pode gerar um sentimento de vergonha entre os familiares e nos próprios doentes e isso ainda os afasta mais dos serviços e dos profissionais de saúde que lhes poderiam proporcionar auxílio e ajudá-los a fazer uma vida normal.

Como vencer a estigmatização?

A estigmatização, como fenómeno de exclusão social, deve ser combatida a vários níveis, cujos principais intervenientes são: as pessoas que sofrem de esquizofrenia e as suas famílias; o pessoal e os serviços de saúde; os líderes e as organizações na comunidade de residência; os órgãos de comunicação social; e os organismos governamentais.
  1. As pessoas que sofrem de esquizofrenia e os seus familiares devem compreender e aceitar que a esquizofrenia é uma doença, de que ninguém é culpado, e que actualmente existem tratamentos que permitem a recuperação do indivíduo. Uma vez recuperado, o indivíduo poderá continuar fazer a sua vida familiar ou profissional.
  2. Independentemente das causas da esquizofrenia, o pessoal e os serviços de saúde devem desenvolver a sua actividade o mais perto possível dos locais de residência dos doentes e organizar programas de psicoeducação destes e das suas famílias. Os programas de psicoeducação para além de contribuírem para uma melhor evolução da doença, são um dos meios mais eficazes para combater a estigmatização.
  3. Embora a estigmatização seja um fenómeno de origem social com especial relevância para a comunidade de residência, não se pode esquecer que a própria comunidade deve ser mobilizada contra a descriminação da esquizofrenia e outras perturbações mentais. Autarcas, ONGs e líderes locais devem ser chamados a participar na mudança de atitudes negativas contra a esquizofrenia.
  4. A comunicação social tem uma enorme influência na formação de atitudes, sendo necessário que os profissionais da comunicação social tenham melhor informação e acesso a documentação actual sobre a esquizofrenia.
  5. Ao estado compete um papel muito importante no estabelecimento de políticas correctas e na garantia dos direitos humanos e sociais, das pessoas que sofrem de perturbação mental, considerando-se que o respeito pelos direitos humanos é igualmente uma forma privilegiada de luta contra a estigmatização e a discriminação social.

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